A movimentação de cavalos exige planejamento, documentos em dia e atenção às regras sanitárias. Segundo Aldo Vendramin, empresário e fundador, entender como funciona a Guia de Trânsito Animal (GTA) é o primeiro passo para comprar, vender e transportar equinos com tranquilidade, seja para leilões, provas, reprodução ou simples mudança de propriedade. A GTA é o documento oficial que comprova a situação sanitária do animal e autoriza seu deslocamento dentro do território nacional.
Neste artigo conceituamos o que é a GTA e como se preparar para transportar o animal focando no seu bem estar e nas conformidades da lei.
O que é a GTA e por que ela é indispensável?
A GTA (Guia de Trânsito Animal) é um documento emitido pelas autoridades sanitárias estaduais (normalmente via órgãos vinculados ao MAPA) que acompanha o animal em qualquer deslocamento interestadual e, em boa parte dos estados, também em deslocamentos interestaduais. Ela informa origem, destino, finalidade da movimentação, identificação dos animais e atesta o cumprimento das exigências sanitárias vigentes (vacinas, exames, quarentena quando aplicável). O senhor Aldo Vendramin elucida que a GTA é tão importante quanto o próprio animal estar em boas condições: sem ela, há risco de interdição, multas e responsabilização do proprietário.
Quando a GTA é obrigatória?
Em regra, a GTA é exigida para:
- Compra e venda de equinos (mudança de propriedade);
- Transporte para eventos: exposições, provas funcionais, cavalgadas, leilões;
- Cobertura/reprodução em outro estabelecimento;
- Retorno de treinamento ou deslocamentos para clínicas/centros de reabilitação;
- Trânsito interestadual (sempre) e interestadual (conforme norma do estado).

Exceções podem existir (por exemplo, deslocamentos muito curtos, dentro de um mesmo município, conforme regulação local), mas a orientação prática é simples: verifique a regra do seu estado antes de tirar o animal do estábulo. Em competições oficiais, a checagem documental é padrão na portaria, como destaca Aldo Vendramin.
Pré-requisitos sanitários mais comuns
Para a emissão da GTA, as secretarias estaduais geralmente pedem:
- Exame de Anemia Infecciosa Equina (AIE) atualizado (Exame de Coggins);
- Exame de Mormo, conforme exigência regional e destino;
- Vacinações em dia (calendário sanitário recomendado pelo veterinário responsável);
- Identificação do estabelecimento de origem e destino (cadastro no sistema estadual);
- Dados do transportador e do veículo (placa, responsável, rota).
Aldo Vendramin sugere manter um prontuário sanitário por animal: ficha com datas de exames, vacinas, vermifugações, odontologia e ferrageamento. Isso acelera a emissão e reduz imprevistos.
Passo a passo para emitir a GTA
- Confirme requisitos do destino: alguns eventos e estados têm protocolos adicionais (janela de validade de exames, vacinas específicas).
- Atualize exames e vacinas: agende com antecedência. Lembre-se de que os resultados de AIE e Mormo têm prazos de validade.
- Acesse o sistema estadual (ou vá ao órgão emissor): cadastre origem/destino, finalidade e dados do transporte.
- Anexe laudos e documentos: suba os PDFs ou apresente presencialmente, conforme o procedimento local.
- Pague a taxa (emolumentos): varia por estado/quantidade de animais.
- Emissão: confira dados (nº de animais, microchip/tatuagem quando houver, placas, datas).
- Imprima/baixe a via digital: leve físico e digital. Em barreiras, sinal de internet pode falhar.
Crie um checklist fixo no escritório da fazenda/haras e deixe um kit de viagem no caminhão (GTA, notas, relação de animais, contatos do veterinário, kit de primeiros socorros e mantas).
Validade, prazos e rotas
A GTA tem prazo de validade (em geral, curto) e é emitida para uma rota específica e finalidade definida. Se o plano mudar (ex.: estender viagem para outra etapa), pode ser necessária uma nova GTA. O senhor Aldo Vendramin também ressalta a atenção ao horário de fiscalização em barreiras sanitárias e portarias de eventos, chegar com antecedência evita filas e estresse para o cavalo.
Transporte com bem-estar: ajustes que fazem diferença
Além do papel, o bem-estar no transporte é determinante para a saúde e performance do animal:
- Veículo adequado: ventilação, altura interna, piso antiderrapante, divisórias seguras;
- Hidratação e pausas: água fresca, intervalos programados em viagens longas;
- Manejo calmo: embarque/desembarque sem correria; treinar o animal antes ajuda muito;
- Cama seca e limpeza: reduzir poeira e amônia do esterco;
- Proteções: caneleiras, mantas e rabicheiras quando indicadas.
Conforme o empresário Aldo Vendramin, o verdadeiro propósito em qualquer prova não é apenas cruzar a linha de chegada, mas garantir que o cavalo chegue bem. Um animal estressado ou desidratado perde rendimento, torna-se mais vulnerável a cólicas e pode levar semanas para se recuperar plenamente. Por isso, o cuidado com o bem-estar durante o trajeto é tão importante quanto o treinamento prévio.
Compra e venda: documentos além da GTA
Na transferência de propriedade, organize:
- Contrato de compra e venda com identificação completa das partes e do animal (registro, microchip, pelagem, sinais);
- Certidões/registro genealógico (quando houver) e comprovante de quitação;
- Comunicação à associação de raça (ex.: ABCCC para o Crioulo) para atualização do registro;
- Nota fiscal (quando aplicável);
- Seguro de transporte (opcional, mas recomendável em animais de alto valor).
A GTA não substitui contrato, nota ou registro genealógico, ela autoriza o trânsito e atesta condições sanitárias.
Eventos, provas e leilões: o que fiscalizam
Em leilões e provas, a organização costuma checar:
- GTA válida e coerente com a data/hora de entrada;
- Exames sanitários (AIE, Mormo) e vacinação;
- Identificação do animal e do condutor;
- EPI e normas de segurança no recinto de manejo.
Chegue com cópias impressas e versões digitais. Salve tudo numa pasta offline do celular para evitar imprevistos.
Erros comuns que custam caro, e como evitar
- Deixar exames vencerem: use alertas no calendário da fazenda.
- Informação inconsistente (placa, nº de animais, destino): revise antes de emitir.
- Rota diferente da declarada: pode gerar autuação; se mudar, reemita.
- Documentos espalhados: centralize em um drive com pastas por animal/ano.
- Ignorar regras do estado de destino: cada UF pode ter exigências próprias.
A GTA é a espinha dorsal da movimentação segura de equinos no Brasil. Mais do que um papel, ela reflete sanidade, rastreabilidade e responsabilidade com o rebanho e com o setor. Com organização, calendário sanitário em dia e atenção aos detalhes, comprar, vender e transportar cavalos se torna um processo ágil e previsível. Como evidência o empresário Aldo Vendramin, a boa gestão começa antes da estrada: planejar, conferir e cuidar do bem-estar é o que garante que o animal chegue saudável, e que o criador volte para casa com a consciência tranquila e o plantel protegido.
Autor: Astranis du Fae